O avanço da indústria da construção civil, a crescente valorização de iniciativas sustentáveis e a Política Nacional de Resíduos Sólidos estão produzindo uma importante movimentação num segmento pouco explorado do setor: o da reciclagem de materiais utilizados no processo da construção. De acordo com as estimativas da Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição (Abrecon), associação que foi criada neste ano e reúne 21 empresas dedicadas à atividade de reciclagem de resíduos do setor, há no Brasil 120 novas unidades recicladoras em implantação. É um número importante para um segmento pouco conhecido dentro e fora do setor.

Segundo Gilberto Meirelles, presidente da Abrecon, a geração de resíduos na construção civil no Brasil representa meia tonelada ao ano por habitante, o que significa 80 milhões de toneladas ao ano, considerando uma população urbana de 160 milhões de pessoas. “O volume é enorme e não há mais área para destinação nos grandes centros urbanos.”Meirelles citaoutros fatores que pioram o cenário: a falta de cultura ambiental responsável pela não separação dos materiais recicláveis nas obras, pela utilização das caça mbas como lixeiras e pelo descarte irresponsável, feito em áreas irregulares e o preconceito de grandes empresas e órgãos públicos, o que restringe a comercialização dos produtos reciclados. “São muitos os que se apresentam como agentes do meio ambiente, mas resistem a utilizar o material reciclado por puro desconhecimento das vantagens, cuidados e critérios definidos por normas técnicas e laudos que as recicladoras adotam” observa Meirelles.

Para ele, o grande trabalho do setor é promover o reconhecimento do material reciclado, que traz à obra uma economia de 30% em relação aos materiais convencionais e permite um excelente ganho ambiental, na medida em que preserva recursos naturais e evita o acúmulo dos resíduos acumulados durante a construção de todos os tipos de empreendimento.

Cerca de 90% dos materiais reciclados utilizados pelo setor são resultado do processamento do entulho de alvenaria. O trabalho é feito por recicladoras que utilizam máquinas especialmente criadas para transformar os resíduos de alvenaria em areia, pedrisco, brita, rachão e bica corrida, que voltam à cadeia produtiva com os mais diversos usos, exceto em etapas estruturais do processo.

A areia reciclada, por exemplo, pode ser usada para argamassa de assentamento de alvenaria de vedação, em contrapisos, solo-cimento, blocos e tijolos de vedação. O pedrisco, para a fabricação de artefatos de concreto, como blocos de vedação, pisos intertravados e manilhas de esgoto. A brita reciclada é indicada para a fabricação de concretos não estruturais e em obras de drenagem, enquanto a bica corrida serve como base e sub-base de pavimentos, reforço e subleito de pavimentos, regularização de vias não pavimentadas, aterros e acerto topográfico de terrenos. Já a madeira, que representa cerca de 8% do resíduo do setor, pode ser picotada e utilizada para produzir energia, e o ferro (2%) é vendido para recicladores de ferro ou realinhado e reutilizado em outras obras.

Fonte: Vida Imobiliária

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *