O Índice de Cidades Empreendedoras (ICE 2017), elaborado pela Endeavor, aponta que a saída da crise econômica começa pelo interior. Os dados mostram alta capacidade de reação dos municípios de médio porte, cujo papel deve ser fundamental na retomada. Um dos exemplos é Sorocaba (SP), líder no ranking de mercado.

Uma das principais economias municipais, quando analisado o Produto Interno Bruto (PIB), Sorocaba registrou crescimento de 5,18% no PIB entre 2012 e 2014. No mesmo período, a média brasileira ficou em 2,25%. O município apresenta ainda bom PIB per capita (R$ 51,26 mil em comparação a R$ 37,16 mil de média nacional, segundo o IBGE) e considerável volume de compras públicas – indicadores da potência do mercado consumidor.

Outro destaque vem de Blumenau (SC), com crescimento de 7,75% do PIB no período. A base de empresas exportadoras residentes no município dá musculatura à economia local. A lista inclui ainda São José dos Campos (SP), Campinas (SP) e Joinville (SC). “Notamos um processo de descentralização e interiorização da economia, o que é bom para o país”, destaca Marcello Baird, gerente de mobilização da Endeavor em São Paulo e professor de relações governamentais em cursos da Fundação Getulio Vargas (FGV) e na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).

Segundo ele, o fortalecimento da economia em cidades do interior e até mesmo em capitais de menor porte traz robustez para o ambiente de negócios no Brasil. “No interior há excelentes centros de formação de mão de obra, boa infraestrutura e qualidade de vida. Fatores que atraem os empreendedores”, destaca. A fixação de companhias no interior também é reflexo, lembra Baird, da mudança da vocação econômica dos grandes centros. São Paulo, por exemplo, avança em segmentos como a economia criativa. “A atividade industrial na capital paulista tornou-se custosa, incentivando a migração das fábricas”, exemplifica.

Polos de tecnologia – como os de Florianópolis (SC), Campinas (SP) e São José dos Campos (SP) – são berços para empresas da nova economia e oferecem uma combinação poderosa na atração de empreendimentos: mão de obra qualificada e custo de vida mais baixo. “Também estão próximas da capital paulista, o que facilita acesso ao mercado financeiro”, adiciona Baird. Segundo o especialista, ainda é preciso fortalecer o acesso ao capital no interior para ampliar o dinamismo das cidades.

Já o Nordeste, explica Pedro Almeida, o coordenador da Endeavor na região, tem trabalhado para eliminar a burocracia. A meta é promover o nascimento de companhias e reduzir a informalidade. “É preciso criar condições para o empreendedor atuar nas cidades nordestinas, que apresentam inúmeras oportunidades”, diz.

Segundo o ICE 2017, dentre as dez cidades mais bem colocadas no quesito tempo de processos, seis são capitais da região Nordeste. O indicador considera o tempo gasto na abertura de empresas e na regularização de imóveis, além da taxa de congestionamento de tribunais. Aracaju (SE) manteve a primeira posição da lista, seguida por Fortaleza, que ficou com a 32ª posição no ano passado. “Foi grande a evolução da capital cearense”, reforça Almeida. Natal, também subiu no ranking de tempo de processos, passando de 14ª para quinta colocada.

Entre as demandas para atrair mais empreendedores, Almeida aponta o desenho de políticas públicas capazes de garantir a continuidade e a sustentabilidade dos negócios na região. Na última década, o Nordeste foi destino para importantes investimentos em infraestrutura, o que promoveu polos econômicos como Recife (PE), Salvador (BA) e Fortaleza (CE). Além de cidades interioranas como Campina Grande (PB), Juazeiro (BA) e Petrolina (PE), estas duas últimas no Vale do Rio São Francisco. “Os investimentos em infraestrutura melhoram o escoamento da produção, demonstrando que atuar no Nordeste é uma boa opção”, afirma.

Fonte: Valor Econômico

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