Um dos problemas básicos da região metropolitana de São Paulo, que concentra 21 milhões de habitantes, é o trânsito. O secretário estadual de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, cuja pasta engloba também o metrô, esteve no Secovi-SP em 29 de abril para participar da série de encontros “Olho no Olho” e concluiu: o trânsito de São Paulo é um grande desafio e a sociedade civil tem a necessidade imperiosa de fazer com que a cidade ganhe mobilidade. Jurandir Fernandes, um experiente especialista em transportes, com carreira iniciada em Campinas, ocupa esse cargo novamente, depois de ter participado da gestão anterior do governador Geraldo Alckmin.

“Há um desequilíbrio do uso e ocupação do solo, com alta densidade de pessoas que residem longe do emprego. É preciso coragem política para mudar e estruturar”, explicou o secretário, que causou impressão positiva junto aos diretores do Secovi-SP, entre os quais Caio Portugal e Flavio Amary, que, paralelamente, lideram a Diretoria da AELO. O presidente do Conselho Consultivo da AELO, Luiz Eduardo de Oliveira Camargo, também acompanhou a fala de Jurandir Fernandes.

O secretário lembrou que os conjuntos habitacionais foram construídos nas periferias e grande parcela da população adotou o método individual de deslocamento, com uso do carro: “O veículo mudou comportamentos, mas agora penaliza a população, tirando a liberdade de locomoção”. Ele disse que os longos deslocamentos da população em movimentos pendulares (ida e volta) ocorrem, principalmente, porque as moradias encontram-se afastadas dos locais de trabalho e estudo.

Apesar de considerar fundamental a expansão do metrô, tendo comentado detalhes sobre futuras linhas, Jurandir Fernandes afirmou que é indispensável estimular o uso e a ampliar a eficiência do serviço que já existe. Em São Paulo, transportes individuais e coletivos estão empatados, segundo o secretário: são 14 milhões de viagens por dia no sistema coletivo, 12 milhões em deslocamentos a pé ou de bicicleta e os mesmos 12 milhões no transporte individual. “Não devemos olhar aqueles que andam como vítimas, mas enxergá-los como praticantes de uma atividade saudável, tranqüila e econômica”, analisou, destacando a importância da caminhada e que o mundo desenvolvido cada vez mais aposta em bicicletas. “É imperativa a mudança de comportamento, a inovação, a integração. A bicicleta não serve apenas para lazer, é um meio de transporte interessante, e deve ser utilizado.”

O secretário comentou que é preciso promover as mudanças conjuntamente e pensar a cidade de forma equilibrada, trazendo os moradores para os subcentros, como Lapa, Centro e Brás: “Há que se acreditar na habitação no centro de São Paulo, colocando vida na cidade. Também não se pode deixar de levar investimentos para as pontas da Capital, nas periferias. Temos de levar empresas e serviços para as pontas e habitantes para as regiões centrais.”

Para o presidente do Secovi-SP, João Crestana, o secretário Jurandir Fernandes tem a mesma abordagem que o setor com relação à mobilidade urbana, a preocupação em discutir formas de conscientizar a sociedade para a melhoria das cidades: “São Paulo é muito complexa e necessita de integração. O secretário trouxe essa visão de integração, para que os problemas comuns sejam tratados de forma conjunta por municípios vizinhos. Com cidades bem planejadas, todos terão conforto, segurança, qualidade de vida.”

Fonte: AELO ON LINE Ano X – N.º 344 – São Paulo, 12 de maio de 2011

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