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“Édipo Rei”, tragédia grega escrita por Sófocles por volta de 427 a.C., virou uma comédia nas mãos da Companhia do Chatipô, de Portugal. O espetáculo está em turnê pelo Brasil e chega a Rio Preto para duas apresentações, no Teatro do Sesc, hoje e amanhã, às 20h30. A montagem é uma criação coletiva do grupo português, que valoriza a comédia pelo seu poder de questionar aspectos da realidade física e social, com foco no trabalho físico do ator. Além de risos, a trupe arrancou elogios de público e crítica por onde passou.

Sem fazer uso de qualquer objeto cenográfico, os atores Jorge Cruz, Marta Cerqueira e Tiago Viegas contam a história de Édipo, revezando-se no papel de todos os personagens da narrativa. A encenação é do inglês John Mowat, integrante da companhia, em parceria com o diretor artístico da Chapitô, José Carlos Garcia. “Sempre trabalhamos nesse sentido, tornando o trágico em cômico, e essa mudança não faz com que o impacto seja menor. Dentro deste cenário, há exemplos como ‘Macbeth’, de Shakespeare, e ‘O Corcunda de Notre-Dame’, do escritor francês Victor Hugo”, diz Mowat, em entrevista ao Diário.

A peça faz o público pensar em aspectos como: Seria Édipo o marido da sua própria mãe ou filho de sua mulher? os seus filhos, seriam também eles seus irmãos, filhos de sua mulher, ou seria a sua mulher avó dos seus próprios filhos? E ainda, seria Creonte seu tio ou seu cunhado? O encenador explica que, na montagem, o grupo mantém a estrutura original da história, que fala sobre a saga de Édipo, filho do rei de Tebas, Laio, e de Jocasta. Na trama, o personagem recebe a revelação de que mataria o próprio pai e se casaria com a mãe. De trágico e complexo herói da obra original, na versão da Chapitô, Édipo transforma-se em um sujeito azarado, desajeitado, enxovalhado e que, por desgraça, ainda perde a visão.

No palco, a companhia tentar fazer o personagem fugir de seu terrível destino. “Pegamos a tragédia, estudamos, vivenciamos da maneira mais intensa possível e, ao mesmo tempo, da forma mais limpa, mais livre: livre de figurinos antigos, amarras e gessos. Morte, brigas, conflitos são trabalhados de maneira bem visual. Nossa preocupação é com o aspecto visual, a linguagem corporal, a mímica”, diz o inglês.
A peça estreou em 2012, em Lisboa, e seu processo de criação, ao todo, levou aproximadamente dois meses até chegar no produto final, como está hoje. “Normalmente, um processo de construção leva em torno de três meses e meio. Escolhemos a tragédia ‘Édipo’ porque é uma boa história,uma ótima peça. Não há uma relação maior que nos levou a escolhê-la, além do grande desafio que nós nos colocamos, pois optamos por trabalhar a história de forma mais limpa, clara e objetiva.

Sem artifícios, como iluminação, figurino, objeto de cena etc. São três atores no palco, que se revezam nos personagens, então, todos fazem todos. Em um momento, estão dois atores compondo o mesmo personagem, porque trabalhamos muito com a linguagem corporal, com a mímica. Nesta produção, não foi necessário nada mais do que o corpo.” Criada em 1996, a Chapitô é ligada a uma associação sem fins lucrativos de mesmo nome, sediada em Lisboa, fundada em 1981, que visa à integração social por meio das artes.

A companhia esteve várias vezes no Brasil, inclusive com “Édipo”, encenada no ano passado, em São Paulo. A atual turnê já passou por Fortaleza, Brasília e Rio de Janeiro. Depois de Rio Preto, o espetáculo segue para Curitiba. Mowat também coordena uma oficina para atores, estudantes e interessados em geral, com foco nos aspectos físicos e visuais do ator e da cena. O workshop é gratuito, e acontece hoje e amanhã, das 18 às 20h30; e quinta e sexta, das 18h às 21 horas.

Serviço

Édipo, da Companhia do Chatipô (Portugal). Hoje e amanhã, às 20h30, no Teatro do Sesc. Ingressos: R$ 2, R$ 5 e R$ 10. Informações pelo telefone: (17) 3216-9300

Fonte: Diario Web

 

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