Este é o texto completo do artigo de Flavio Amary, vice-presidente da AELO e vice-presidente do Interior do Secovi-SP, publicado em 27 de maio na “Folha de S. Paulo” e reproduzido em vários outros jornais do Estado:
Quem mora em São Paulo já percebeu: a paisagem do entorno muda aceleradamente. A grande mancha urbana avança pelo Estado e já é protagonista de grandes transformações em âmbito social, econômico, comercial e cultural. Alinhado a essa tendência, o cidadão paulista incorporou um estilo de vida um tanto globalizado e que demanda algumas “exigências”, principalmente no que tange à infra-estrutura e qualidade de vida do local onde mora.
Os municípios de São Paulo respondem à altura, pois muitos já não crescem somente a partir das referências da capital, mas também das grandes metrópoles que se formaram no Interior. Assistimos a uma espécie de “periferização”, onde a ocupação de áreas distantes dos centros se dá com equipamentos sociais próprios e taxas de crescimento populacional significativas.
Soma-se aos motivos dessa descentralização o afloramento de notáveis instituições de ensino públicas e privadas, de nossa malha viária em todos os níveis, das grandes empresas que se instalaram e se instalam no Interior, enfim, uma série alterações marcantes que acontecem também sob a influência ou mesmo em paralelo ao crescimento do mercado imobiliário.
Primeiro, o fenômeno foi observado na Região Metropolitana, logo depois em Campinas, Sorocaba, Baixada Santista, São José dos Campos, enfim, locais cuja afinação favoreceu sobremaneira a retomada do nosso mercado nas últimas duas décadas, e que certamente já rendeu reflexos notáveis São Paulo afora.
O mercado imobiliário refletiu diretamente esta realidade, e pudemos notar que, em alguns destes municípios, o número de lançamentos chegou a quadruplicar nos últimos anos.
Além disso, o setor tem atraído investidores nacionais e estrangeiros ao Interior. Esses indicadores reafirmam que faz muito tempo o interior paulista é um campo urbanizado, mas, como é natural, existem realidades a serem encaradas, ponderadas e respeitadas, a exemplo da falta de mão de obra especializada, dos entraves burocráticos para aprovação de projetos e mesmo das restrições ambientais.
Todo esse contexto também nos faz lembrar que vivemos numa época em que nações, regiões e cidades alteram substancialmente seus padrões de desenvolvimento. Contudo, de alguma forma, preservam sua identidade. Raras exceções, as necessidades e demandas de seus habitantes são resolvidas de forma particularizada, independentemente de suas proporções. Resta aos interlocutores de cada município discutir o futuro de seus “centros”. Para que se garanta um crescimento sustentado, à luz dos critérios de uma legítima política de desenvolvimento urbano.
Fonte: AELO Online – Ano X – Nº349 – São Paulo, 16 de junho de 2011