Para quem tem sono leve e acorda com qualquer ruído, o ronco de outra pessoa pode ser uma tortura. É ruim para o ouvinte e pior ainda para o roncador. O barulho é resultado do estreitamento ou da obstrução das vias respiratórias superiores.
Com o canal de passagem mais estreito, o ar tem dificuldades para passar e provoca a vibração das estruturas. “Quando as vibrações são fortes e o ronco intenso há grandes chances do indivíduo ser diagnosticado como portador de distúrbios mais graves do sono, tal como a apneia obstrutiva do sono”, ressalta Gerson Köhler, ortodontista e ortopedista-facial.
APNEIA
O ronco é um dos sintomas mais comuns da Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS), um distúrbio caracterizado pela interrupção da respiração durante o sono. Os episódios duram cerca de 10 segundos e pode haver a obstrução parcial ou total da passagem de ar.
“A cada obstrução da respiração, o indivíduo passa por um microdespertar para voltar a respirar normalmente. Apesar de rápido, este leve despertar prejudica a qualidade do repouso, já que o sono acaba saindo de suas fases mais profundas”, explica Gerson, que atua em contexto interdisciplinar médico-odontológico nas questões que envolvem o diagnóstico e tratamento de distúrbios do sono.
FATORES
Desvio do septo, flacidez na musculatura da garganta e da boca, hipertrofia das amídalas ou adenoide, sinusite, rinite, obstruções nasais, queixo retraído, palato mole e o envelhecimento são os principais fatores que provocam a SAOS.
“É preciso dar mais atenção aos fatores de risco da apneia. Envelhecimento, obesidade, pescoço curto e mais grosso, uso de medicamentos para dormir, consumo de bebidas alcoólicas, tabagismo, refluxo e a ingestão excessiva de comida próximo ao horário de dormir aumentam as chances da respiração ser interrompida durante a noite”, aponta.
A apneia do sono pode vir a ser uma das causas de males tais como hipertensão, obesidade, diabetes, arritmia cardíaca, derrame, infarto agudo do miocárdio, fadiga crônica, ansiedade e impotência sexual.
OXIGENAÇÃO
Segundo Gerson, a apneia pode ocorrer várias vezes durante a noite, reduzindo a oxigenação do cérebro. “Com a interrupção da entrada de ar, o organismo se defende e libera adrenalina, contraindo os vasos sanguíneos. O sangue precisa circular e a pressão aumenta para que o líquido passe pelas vias estreitas. Isto pode levar ao endurecimento das artérias, aumentando o risco de doenças cardiovasculares”, alerta.
O especialista destaca que, além do ronco, outros sintomas podem denunciar o distúrbio. Excesso de suor noturno, dores de cabeça matinais, dificuldades de concentração, sonolência diurna e redução da libido podem estar relacionados ao problema.
“Em alguns casos, a entrada do ar não é bloqueada por completo – o fluxo é reduzido de 30% a 50%, fenômeno chamado de hipopneia. Qualquer um dos distúrbios é prejudicial à saúde e deve ser avaliado e tratado, para promover a qualidade de vida do paciente”, observa Gerson.
Fonte: Gazeta Virtual