“As chuvas e os bons loteamentos – No verão mais chuvoso das últimas décadas, a lição contra o improviso.”
As chuvas e a qualidade dos loteamentos
As fortes e constantes chuvas que têm atingido a região metropolitana de São Paulo e a maioria dos municípios do Interior neste verão levaram a inundações, deslizamentos e soterramentos, provocando a morte de mais de 60 pessoas no Estado e prejuízos materiais incalculáveis em todas as regiões paulistas. De acordo com pesquisas, este tem sido o janeiro mais chuvoso em mais de 70 anos. A natureza provoca estragos mesmo em bairros de melhor infra-estrutura, enquanto moradias construídas em locais precários são claramente expostas às tragédias. A AELO defende o planejamento cuidadoso e a observação das leis e normas como ponto de partida para que os núcleos urbanos sejam mais seguros. Loteamentos de qualidade, bem planejados e com eficiente infra-estrutura, sofrem menos riscos e são exemplos para o poder público. Essa filosofia também tem sido levada adiante pela Secretaria da Habitação do Estado, que se vê às voltas com a necessidade de socorrer moradores de locais de alto risco.

Um exemplo: em face aos deslizamentos de terra ocorridos em 21 de janeiro em áreas de risco no Jardim Santo André, que resultaram no desabamento de barracos, a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) informou que os moradores de todos os imóveis atingidos já haviam sido notificados pela CDHU para deixar a área devido ao altíssimo risco. Diante da recusa de irem para o ginásio disponibilizado pela Prefeitura de Santo André, a CDHU ofereceu, inclusive, a transferência para hotéis da região, proposta que também não foi aceita pelos moradores.
No dia 21, a Defesa Civil do município interditou algumas áreas e determinou, até o momento, a remoção de cerca de 20 famílias para abrigos provisórios disponibilizados pela prefeitura. A CDHU forneceu os caminhões e ajudantes para auxiliar nas mudanças.
A companhia reiterou a necessidade de desocupação dos imóveis apontados no laudo do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) como de altíssimo risco. No intuito de resguardar a segurança das pessoas, desde 2008 técnicos da CDHU têm realizado um intenso trabalho de conscientização dos moradores daquela área para alertá-los sobre a evolução dos riscos na região. A CDHU prosseguirá com a remoção das famílias que ocupam irregularmente essas áreas de risco do Jardim Santo André, na tentativa de evitar novas tragédias.

Dois grandes prefeitos de São Paulo deixaram como herança frases que devem ser levadas em consideração. José Carlos de Figueiredo Ferraz disse, em 1971, algo que contrariava o antigo slogan “São Paulo não pode parar”. Ele analisou: “São Paulo precisa parar de crescer.” Já Olavo Setúbal, prefeito de 1975 a 1979, enfrentou inundações em sua gestão e lançou uma profecia: “O problema das enchentes nesta cidade não tem solução.” Setúbal referia-se não só ao município de São Paulo, hoje com 11 milhões de habitantes, mas também à região metropolitana, que concentra mais 38 municípios, entre os quais Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Osasco e Guarulhos, num total de 21 milhões de habitantes. Governantes já não conseguem fazer nada contra os caprichos da natureza. De qualquer modo, empresas de loteamento tentam fazer sua parte, por meio de um planejamento que exige tempo e dinheiro: bairros planejados são o caminho contra o caos.

fonte: AELO Online – Ano IX – N.º 272  – São Paulo, 28 de janeiro de 2010″

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *