As baixas temperaturas, o tempo seco e o acúmulo de poluição no ar deixam as crianças mais suscetíveis à conjuntivite e ao terçol. Aprenda a evitar e abreviar esses episódios
Por Gislene Pereira
CONJUNTIVITE
O QUE É E QUAIS SÃO AS CAUSAS?
Trata-se da inflamação da conjuntiva, membrana que reveste o globo ocular e a parte interna das pálpebras. Em 90% dos casos, é provocada por uma infecção viral, mas também pode ter origem bacteriana. Em menor escala, está associada à exposição a agentes tóxicos, como fumaça, produtos cosméticos e químicos, ou alergênicos, como o pólen e o pelo de animal.
COMO OCORRE A TRANSMISSÃO?
No caso de vírus, o contágio acontece como o do resfriado – por meio de gotículas de saliva no ar, do contato direto com secreções e do manuseio de objetos contaminados,
como brinquedos. Ambientes quentes e úmidos (pense nas aulas de natação) são focos para a conjuntivite bacteriana. Ela pode acometer somente um olho ou os dois de uma vez.
QUAIS SÃO OS SINTOMAS?
Além de inchaço e coceira, há outros bem característicos, como a secreção (esbranquiçada na conjuntivite viral e amarelada e abundante na bacteriana), a vermelhidão e a sensação de “areia nos olhos”. Seu filho também pode reclamar de visão borrada e intolerância à luz. Com frequência menor, ocorrem febre, dor nas articulações e na garganta.
QUE PROVIDÊNCIAS TOMAR AO NOTAR O PROBLEMA?
Leve a criança ao oftalmologista para verificar a necessidade de colírio antibiótico, anti-inflamatório ou antialérgico. Mas, antes, espere 24 horas para observar a evolução do quadro – será mais fácil para ele identificar a origem do problema. Nesse intervalo, limpe os olhos com gaze ou algodão (um para cada olho), embebido em água filtrada ou chá de camomila, que tem ação anti-inflamatória. Faça compressas geladas com água ou soro fisiológico e pingue lágrimas artificiais para lubrificar, enquanto durar o tratamento.
QUANTO TEMPO DURA?
Depende. Se for causado por bactéria, é comum que os sintomas permaneçam por até sete dias. No tipo viral, espera-se que a criança melhore entre uma e três semanas.
PODE HAVER COMPLICAÇÕES?
Às vezes, a conjuntivite leva à formação de uma membrana na parte interna da pálpebra, que incomoda e pode deixar cicatrizes na córnea. Nesse caso, é necessário retirá-la no consultório, após a aplicação de anestésico. Vírus agressivos, mais raros, podem desencadear ceratite, inflamação capaz de comprometer a acuidade visual.
TEM ALGUMA IDADE MAIS SUSCETÍVEL?
A contaminação pode ocorrer em qualquer fase, inclusive nos recém-nascidos, ao entrarem em contato com bactérias da mãe no canal vaginal. Para prevenir o problema, é comum que, após o nascimento, o médico pingue um colírio de nitrato de prata nos olhos do bebê. A conjuntivite neonatal exige tratamento urgente, pois há risco de infecção generalizada.
COMO EVITAR A TRANSMISSÃO?
Separe toalha de banho e jogo de cama para uso exclusivo da criança (a fronha deve ser trocada diariamente), seque seu rosto com papel-toalha e lave suas mãos e as dela com água e sabão, sempre que possível – isso evita que a secreção vá parar em brinquedos e outras superfícies. Explique ao seu filho que ele não deve colocar as mãos nos olhos e pegue-o no colo o mínimo possível. Quando sair de casa, leve álcool em gel para esterilizar mãos e objetos. Por se tratar de uma doença contagiosa, é desaconselhável que a criança frequente ambientes fechados e com aglomeração de pessoas, como a escola, o cinema e o transporte público. Aulas de natação e banhos de mar também estão suspensos, pois agravam o quadro. Se a criança for sair durante o dia, coloque óculos de sol para proteger os olhos dos raios solares, que favorecem a irritação. Ofereça sucos, frutas e vegetais, pois suas vitaminas aumentam a imunidade e aceleram a recuperação.
TERÇOL
O QUE É O TERÇOL?
Conhecido popularmente como viúva, é a inflamação de glândulas da pálpebra, devido ao entupimento de seu orifício. Geralmente, fica próxima à borda dos cílios.
COMO ACONTECE?
É ocasionado pelo aumento da produção de óleo pelas glândulas, pelo acúmulo de cosméticos (como o protetor solar) ou ainda pela alta concentração de poluentes no ar – situação típica do inverno, quando a umidade é mais baixa. A gordura é um prato cheio para as bactérias presentes na pele, que se alimentam dela, dando origem ao inchaço e à inflamação, que culminam na formação de pus.
QUAIS SINTOMAS PODEM OCORRER?
Ardência, coceira, vermelhidão, inchaço, calor e dor.
É CONTAGIOSO?
Dificilmente. As crianças podem continuar a frequentar a escola e a fazer todas as atividades às quais estão acostumadas, inclusive praticar esportes aquáticos. A rotina dos pais também não precisa ser modificada.
QUANTOS DIAS PODE DURAR?
Em geral, de três a sete dias, quando o terçol é drenado ou expelido naturalmente pelo organismo.
QUAIS DEVEM SER OS CUIDADOS COM A CRIANÇA?
Não deixe que ela cutuque a área afetada. Durante o banho, peça que feche os olhos e, então, higienize seus cílios com sabonete líquido neutro, diluído em água, ou xampu infantil. Compressas mornas de água ou soro fisiológico, com gaze ou discos de algodão, ajudam a abrir o poro entupido e a liberar o conteúdo do terçol – repita o procedimento pelo menos quatro vezes ao dia. Uma boa imunidade acelera a recuperação. Por isso, a ordem é caprichar na alimentação.
É INDICADO O USO DE MEDICAMENTO?
Sim. Dependendo do caso, o pediatra poderá prescrever pomadas ou colírios à base de antibióticos, para acalmar a região, diminuir a inflamação e controlar a infecção.
TODO TERÇOL DÓI?
Não. Há situações em que surge apenas um caroço endurecido, classificado como calázio. Ele também está relacionado ao entupimento de uma glândula e pode persistir por meses. Se atrapalhar a visão ou a estética, requer remoção cirúrgica.
COMO EVITAR CASOS DE REPETIÇÃO?
Lave o rosto da criança com sabonete neutro, dando atenção especial aos cílios, onde bactérias oportunistas se alojam. A higienização caprichada também previne a blefarite (inflamação nas pálpebras, que causa coceira, vermelhidão e descamação), ligada a casos de terçol de repetição. Já os episódios de calázios (aqueles carocinhos endurecidos) recorrentes podem indicar algum defeito na visão, como o astigmatismo. Isso porque o olho faz um esforço maior para enxergar e predispõe o aparecimento dele. Um exame de refração (ou grau) ajuda a esclarecer a dúvida.
Fonte: Revista Crescer