Leitores do iG contam os problemas que enfrentaram em suas obras e profissionais do ramo buscam soluções

Bruna Bessi

O sonho de reformar a casa era antigo e Meire Carletto não hesitou em demolir o imóvel para reiniciar a construção do zero. Tinha plena consciência de que o projeto exigiria tempo e paciência, mas não imaginava tantas pedras no caminho. O primeiro empecilho surgiu antes mesmo da obra começar: atraso na liberação da planta. “Acabei trocando de arquiteta e tive dúvidas sobre a proposta. Quando finalmente definimos, a prefeitura demorou a aprovar”, diz a aposentada paulista.

Projeto liberado e contrato assinado com a empreiteira, mãos à obra. A reforma teve início com cinco profissionais e um mestre de obras , porém, Meire já reparava certa variação no ritmo de trabalho. Em alguns momentos, a construção era realizada somente por duas pessoas, o que atrasava o andamento geral. Problemas alcoólicos também surgiram na equipe e um pedreiro foi substituído.

A aquisição de materiais foi outro dilema. Listas e listas de produtos eram solicitadas, sem qualquer preocupação. “Houve bastante desperdício. Comprava itens e recomprava, materiais sumiam, peças quebravam. Acredito que tamanho prejuízo representou algo entre 5% e 10% dos custos”, afirma a aposentada. Falta de capricho e de atenção dos profissionais também interferiram. “Chegaram a colocar portas erradas, danificando o produto, e precisaram trocar.” Resultado? Mais de seis meses de atraso e muita dor de cabeça.

Na reforma de Izabel Cristina Cunha não foi diferente, sendo que a quantidade expressiva de problemas chegou a paralizar totalmente da obra. Sem conhecer nenhum profissional de confiança, a pedagoga buscou uma empreiteira por meio de indicações. “Estava muito difícil encontrar alguém que pudesse fazer o serviço, todos com agenda cheia. Um arquiteto que atendeu um amigo fez a indicação e acabei contratando sem conferir trabalhos antigos”, diz.

A estrutura da casa já aparecia quando o ritmo da obra diminuiu. Funcionários sumiam e apenas respostas evasivas eram dadas. O prazo, entretanto, continuava garantido. “A situação piorou quando o mestre de obras reclamou mais dinheiro do que o combinado. Estavam muito atrasados e já tinha pago mais da metade”, afirma Izabel. Dos quatro funcionários iniciais, restou apenas um – que sumiu quando a obra já estava com quatro meses de atraso.

O professor Juliano Schwartz também está incluído nesse grupo de reféns. Na hora de contratar a empreiteira, levou em conta aspectos como boa indicação e orçamento acessível. O que parecia vantajoso, entretanto, logo se mostrou contrário. A falta de gestão na equipe foi um dos obstáculos que atrapalhou o andamento da obra de seu apartamento . “Faltava ordem entre os funcionários, o responsável sumia por semanas e os atrasos eram constantes. Nossa única garantia de serviço era a exigência de que duas pessoas estivessem sempre trabalhando”, diz.

A promessa de término em dois meses ainda foi prejudicada pelo desencontro de informações. Juliano por diversas vezes viu-se com dificuldades para comprar materiais, já que o responsável não indicava detalhes técnicos. “A equipe tinha problemas até na montagem da lista de produtos. Fazia pedidos errados e eu perdia tempo trocando itens”, afirma o professor. E a falta de conhecimento dos profissionais acabou aumentando a incidência de erros. “Queríamos colocar mais pontos de água quente e a primeira resposta era sempre negativa. Em outra situação, orientaram de maneira errada a empresa que instalou a pia da cozinha”, diz.

O outro lado responde

Algumas das situações enfrentadas pelas personagens acima poderiam ter sido resolvidas – ou minimizadas – com medidas simples. Consultamos profissionais da área para mostrar os caminhos de uma reforma de sucesso:

– Cuidado com orçamentos com custo muito abaixo da média de mercado. Analise bem a proposta e veja se a relação custo x benefício está dentro da realidade;

– Tenha certeza de que os profissionais conhecem os detalhes técnicos necessários para a reforma. Afinal, somente boa vontade não basta;

– Visite mais de uma obra e busque referências dos trabalhadores com clientes antigos antes de fechar o acordo;

– Exija a realização de um contrato bem amarrado com prazos e multas. Deixe claro suas exigências nas cláusulas e garanta a validade das assinaturas;

– Faça um cronograma realista da obra envolvendo terceiros e a equipe contratada, de modo a cobrar prazos e impedir que um atrase o serviço do outro;

– Contratar uma única equipe multidisciplinar de confiança é melhor do que unir profissionais de pintura, elétrica, hidráulica etc que nunca trabalharam juntos. A vantagem da equipe é contar com uma chefia única, o que garante a comunicação e os prazos durante as diferentes etapas da obra.

– Os desperdícios precisam ser encarados seriamente e resolvidos no início dos trabalhos. “O melhor é fazer um levantamento do que será usado em cada etapa (pintura, alvenaria, elétrica e hidráulica) e comprar todo o material necessário para cada uma em listas separadas”, afirma Paulo Roberto Pires, mestre de obras da Dr. Resolve.

– Estabeleça um diálogo constante com o responsável da obra e faça visitas periódicas ao local. A presença do mestre de obras é importante, já que ele responde pelo uso de materiais e ritmo do serviço. “Um erro comum é deixar autônomos sem chefia em construções. Quando existe um responsável, a garantia da qualidade do serviço aumenta”, diz Luis Antonio Amaral, proprietário da Manutenção de Sua Casa.

– Cada reforma exige um número específico de trabalhadores, mas deve-se entender que o excesso pode atrapalhar. Segundo Pires, o ideal é manter quatro funcionários (dois profissionais e dois ajudantes) em cada etapa. Uma saída para garantir a conclusão do serviço é estipular um número mínimo de profissionais nas cláusulas do contrato.

10º – Peça relatórios semanais da reforma e acompanhe o andamento do processo antes de fazer qualquer espécie pagamento. Fique de olho!

Fonte: Delas IG

1 thoughts on “Deu problema na reforma? Saiba como minimizar os danos

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