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Trigo, centeio e cevada. Falando mais diretamente, pizza, pão, bolachas, salgados, cerveja e bolos. O glúten está presente em tudo isso e quando se fala em montar um cardápio sem glúten, automaticamente todos esses alimentos, além de muitos outros congelados, massas, fast foods e alimentos industrializados ficam de fora. E, com eles, uma grande porção de carboidratos e gorduras deixam de fazer parte da alimentação cotidiana.
Embora possa em alguns casos afetar o equilíbrio do organismo e a capacidade de perder peso das pessoas, o glúten não é a chave da boa forma, mas pode ser considerado o fio condutor para uma mudança de hábitos alimentares e para a retomada de antigos costumes gastronômicos que vem a um bom tempo sendo defendida por médicos, nutricionistas e profissionais de saúde.
Um exemplo é a hora do jantar. A nutricionista e professora da Faculdade de Medicina da Unesp Sílvia Papini Berto explica que, adotando a dieta do glúten, o tão comum sanduíche de pão integral pode ser substituído, por exemplo, pelo tradicional arroz e feijão. Além disso, as bolachas da hora do lanche dão lugar a porções de frutas, castanhas ou nozes.
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O glúten é uma proteína presente no trigo, no centeio, na aveia e na cevada que o nosso organismo não consegue digerir por completo. “Quando comemos uma proteína da carne, do feijão ou do arroz, a gente degrada ela em unidades bem pequenas que favorecem o transporte para dentro do nosso organismo e o glúten não se degrada totalmente, formando macromoléculas”, explica a nutricionista Sílvia Papini Berto.
Por ser de difícil digestão, a proteína do glúten produz fermentação maior durante a passagem pelo sistema digestivo do que as proteínas originárias da farinha de mandioca, de arroz ou da fécula de batata, por exemplo, que são os substitutos para a farinha de trigo. A má digestão do glúten promove a formação de gases, aumenta a quantidade de alimento para as bactérias e fungos do intestino e pode até alterar o ph do estômago.
Isso não significa que o glúten faça mal para a saúde, a maior parte das pessoas não chega nem ao menos a sentir sintomas durante a vida. Algumas, no entanto, se mostram mais sensíveis e desenvolvem até quadros inflamatórios no intestino. Veja na página a seguir, como essas pessoas podem se beneficiar com a diminuição do consumo de glúten.
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Pessoas com síndrome de cólon irritável podem sofrer alterações intestinais por causa do glúten, assim como outras podem se mostrar mais sensíveis aos efeitos daproteína. E a inflamação no intestino pode ser responsável pela má absorção de nutrientes e dificuldade em perder peso. Por isso, essas pessoas, ao aderirem uma dieta com restrições ao consumo de glúten podem reequilibrar o organismo e em conjunto com a alimentação mais saudável e maior ingestão de água alcançar o emagrecimento.
“Existem várias pessoas com algum grau de doença celíaca e que desconhecem esse fato e, ao remover o glúten do cardápio, sentem uma melhora na digestão com um efeito adicional de perda de peso“, observa a nutricionista clínica do Hospital Sírio-Libanês, Juliana Ruas Dalmas.
Ao contrário da doença celíaca, que pode ser detectada por exame de sangue, não existem exames que determinem a condição de sensibilidade ao glúten. O diagnóstico, explica Natália Dourado, nutricionista e coordenadora do evento Gluten Free, depende da consulta com um nutricionista e das restrições de alimentos que ele vai indicando para verificar a melhora ou não do quadro.
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Pessoas saudáveis, porém, não se beneficiam quando deixam de ingerir glúten e a perda de peso, neste caso, se deve mais ao fato de se cortar os salgadinhos, biscoitos, pizzas e fast foods da alimentação, ricos em carboidratos refinados e gorduras, do que pela ausência da proteína. E essas guloseimas, na verdade, ficam de fora de qualquer dieta.
Além disso, existem alimentos que contém glúten e não deveriam ficar de fora de nenhum cardápio. A aveia é um deles, pois os benefícios da quantidade de fibras e nutrientes superam os problemas que a dificuldade de digestão do glúten poderia trazer.
Outra questão é que, quem troca a farinha de trigo por farinha de mandioca, inhame, fécula de batata e farinha de arroz, acaba optando por alimentos que, independe do valor calórico, apresentam maior qualidade nutricional, inclusive com menores índices glicêmicos.
Fonte: BBEL