Décima quarta edição do Festival Internacional de Teatro (FIT) começa hoje, convidando o público a ir às ruas e sentir a magia do teatro em um cortejo encabeçado por bonecos gigantes. O Diário preparou um roteiro com toda esta movimentação da abertura, que começa em frente à Prefeitura e termina na Represa.

Se a arte é a manifestação do humano, toda pessoa carrega em si um artista. Se a vida é o maior espetáculo da Terra, nada mais feliz reverenciá-la por meio da arte.
No Festival Internacional de Teatro (FIT), a comunidade é convidada a fazer parte da cena por meio do cortejo “Sueños Gigantes”, um dos espetáculos que marcam, hoje à noite, a abertura da 14ª edição do evento. Bonecos gigantes, seres fantásticos e artistas circenses conduzirão o público pela avenida Alberto Andaló até o anfiteatro da
Represa Municipal. E o percurso é marcado por festa, alegria e uma comunhão que só o teatro é capaz de proporcionar.

“Sueños Gigantes” é uma produção do grupo La Gran Marcha de los Muñecones, que nasceu em1991, emum bairro de periferia de Lima, capital do Peru. Numa comunidade onde famílias convivem com a pobreza, a arte representa aos jovens um meio para mudar a realidade social. No entanto, não há espaços culturais para a apresentação de peças teatrais nesta comunidade. Mas quem disse que o teatro é só feito no palco? Semespaço, ele ganhou as ruas, envolvendo pessoas de todas as idades numa grande festa em um mundo imaginário.

Ao longo de sua trajetória, a companhia peruana produziu sete espetáculos estruturados na linguagem do cortejo, envolvendo bonecos gingantes, artistas em pernas de pau e a música marcial. Além disso, o grupo mantém um programa de formação técnica de três anos, que prepara a comunidade para estruturar as apresentações de rua, proporcionando geração de renda por meio da arte.

Os bonecos exigem muita técnica e preparo. Há modelos que contam com diferentes mecanismos de manipulação, que exigem muito equilíbrio e atenção de seus manipuladores. No entanto, o grande triunfo desta montagem é a demonstração do poder transformador do teatro, seja para quem vive da arte ou para quem apenas tem contato com ela.

Galpão de volta às ruas

Qual o papel da arte e do teatro em um mundo cada vez mais governado pelo utilitarismo e pelo pragmatismo?A reflexão é oportuna para a abertura de um festival
como o FIT, que tem como premissa levar o teatro para toda a comunidade. E quem incita essa reflexão, tanto no público como nos próprios artistas, é o Grupo Galpão,
de BeloHorizonte (MG), que encarou o desafio de dar vida ao último texto escrito pelo dramaturgo italiano Luigi Pirandello: “Os Gigantes da Montanha”.

A fábula narra a chegada de uma companhia de teatro decadente a uma vila misteriosa, povoada por fantasmas e governada pelo mago Cotrone. Conforme Eduardo
Moreira, que interpreta Cotrone na peça, “Os Gigantes da Montanha” é uma alegoria sobre o valor do teatro e sua capacidade de comunicação com o mundo moderno.
“Nesta obra, Pirandello aposta na forçada poesia como saída para as encruzilhadas da arte e do teatro. É também uma obra marcada pelo surrealismo, com uma narrativa complexa e permeada por múltiplos caminhos em seu enredo”, diz. Marcando a volta às ruas após duas montagens de palco sobre a obra de Tchékhov – “Tio Vânia” e “Eclipse” -,“Os Gigantes daMontanha” traz elementos determinantes na origem do Galpão, como o teatro popular e de rua, a linguagem de picadeiro e de circo e a música tocada ao vivo. Tanto que o espetáculo tem direção de Gabriel Villela, que volta ao Galpão quase duas décadas depois de dirigir peças importantes na construção da identidade do grupo mineiro, entre elas “Romeu e Julieta”. Segundo Moreira, o texto de Pirandello fala profundamente a qualquer artista, e essa reflexão contundente persegue o Galpão em sua maturidade. “Até quando conseguiremos prosseguir como um grupo de teatro coerente com um projeto de pesquisa e um trabalho que tenha sentido e relevância social dentro de um contexto dominado por uma indústria cultural cada vez mais marcada pela banalidade e pela vulgaridade da sociedade de consumo?”, indaga.

O cortejo que acompanhará os bonecões de “Sueños Gigantes”, do grupo peruano La Gran Marcha de los Muñecones, sairá de frente do prédio da Prefeitura de Rio Preto, na avenida Alberto Andaló. O trânsito das ruas da região será interditado conforme o andamento do cortejo. A saída está programada para as 18 horas.

 O percurso do trajeto é de dois quilômetros e a previsão é de que o cortejo dure cerca de 40 minutos para chegar até seu destino, o anfiteatro da Represa Municipal.

Acompanhado pela Banda da Polícia Militar, o cortejo seguirá pela Andaló até o Viaduto “Luiz Carlos de Abreu Sodré”. Depois de cruzar o viaduto, bonecões e público entrarão na Avenida Duque de Caxias, seguindo até o anfiteatro da Represa Municipal.

 No anfiteatro da Represa, a abertura do FIT 2014 continua com o grupo Galpão, que apresenta seu mais recente espetáculo, “O Gigantes da Montanha”, último texto
escrito pelo italiano Luigi Pirandello (1867-1936), e que aborda justamente a magia do teatro na vida das pessoas. A apresentação está programada para as 20 horas.

Fonte: Jornal Diário da Região

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