Receber os amigos em casa pode ser divertido e prazeroso. Aprenda a ser um bom anfitrião, sem ter o maior trabalho nem dar vexame
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Receber amigos em casa pode ser uma experiência prazerosa e divertida Foto: Reprodução/ Vida Simples
Qual foi a última vez que você abriu as portas de casa para receber os amigos? Caso tenha sido coisa recente, não será difícil lembrar aquele gostinho de intimidade e aconchego que só uma visita em casa tem. Se nosso lar é onde nos sentimos bem, onde expressamos nosso jeito de ser, por que não dividi-lo por alguns momentos com as pessoas de quem gostamos? “As pessoas têm que se lembrar de como é bom estar junto, suplantar o vamos combinar ou o talvez semana que vem, pois quando conseguimos nos reunir é tão bom que sempre pensamos: ‘Ah, por que não fizemos isso antes?'”, diz Heloísa Bacellar, autora do livro Cozinhando para Amigos.
Não é preciso aquela trabalheira toda para receber os amigos ou familiares. Mesmo que, no agito do dia a dia, não sobre muito tempo para fazer uma receita especial ou para arrumar a casa do jeito que você queria, existem soluções práticas e criativas na hora de receber.
A empresária paulista Anita Prado tem vários exemplos. Anos atrás, ela criou uma noite chamada receitas roubadas, em que cada pessoa levava uma receita e preparava na hora. Depois passou para as aulas de mitologia e os saraus, em que um tocava, outros cantavam e recitavam poesias. Teve também a época de fazer pão. Cada um levava os ingredientes para um tipo de receita e contava sua história e significados. Depois de assados, os pães eram divididos entre os convivas. “Receber uma pessoa é praticar a humanidade. É como conhecimento: quanto mais você dá, mais você tem”, diz Anita.
O bom anfitrião é aquele que sente prazer em receber — e receber é dar: dar seu tempo, seu espaço, sua atenção. Para que a entrega seja total, vale gastar uns minutinhos planejando a ocasião, sem complicar a vida.
Preparação
Tem gente que diz que o melhor da festa é esperar por ela. Exageros à parte, o prazer de receber pode começar na preparação do encontro, afinal você estará pensando num momento gostoso que está por vir. Pense em quantas pessoas virão e qual é a melhor data para todos atualmente, a melhor data é aquela em que todo mundo pode. Depois, que tipo de programa seria legal para reunir essas pessoas?
Se você não estiver muito a fim de agito, pode convidar uma ou duas amigas para uma sessão de vídeo regada a pipoca e guaraná, é claro. Pois, venhamos e convenhamos, independentemente do programa, receber em casa sempre pede uma comidinha.
Então, pense nas preferências e restrições alimentares das pessoas. Se você tem uma amiga vegetariana e quer chamá-la para o jantar da turma, faça uma salada substanciosa ou uma segunda receita, já que ela não vai comer carne. Se o Zezinho tem trauma de infância com vegetais, nem pensar em servir palitos de cenoura! Pensar no outro também vale na hora de escolher um jogo, um filme ou uma trilha sonora. Se a Maricota odeia rock, não vá torturá-la com um CD do Guns N’ Roses.
Agora, se é você que tem um trauma, como não saber cozinhar, não esquente. Aquela história de que oferecer comida comprada é feio já era. É muito melhor receber com uma pizza que deixar de conviver. “Estar junto é mais importante que qualquer outra coisa”, diz Heloísa Bacellar. Tem quem não goste de cozinhar, mas é craque numa sobremesa ou faz uma boa trilha sonora. O que faz a diferença é a visita sentir que é bem-vinda ali.
Lugar para visitas
Não existe regra quanto ao melhor lugar da casa para receber as pessoas. Não é à toa que as salas de visita estão em processo de extinção. Você é quem sabe qual o lugar mais espaçoso e aconchegante do seu lar.
Falta de espaço não é desculpa para deixar de receber. Sempre existe um jeitinho. Por estar numa área central de São Paulo, a avenida Rio Branco, a casa do artista plástico Ciro Schünemann acabou virando um ponto de encontro entre os amigos. As pessoas sempre se reúnem lá antes de ir para um show ou uma festa, para falar sobre desenho e grafite, assistir a um filme ou ficar só de bobeira.
“Minha sala é planejada para se ampliar de acordo com a quantidade de pessoas. Além de um sofá grande e vários pufes, tem uma bancada desmontável onde eu trabalho. Quando chega muita gente, eu tiro a bancada e o espaço fica mais livre”, diz.
Quando morou em Paris, Heloísa Bacellar conheceu um casal que adorava cozinhar para os amigos, mas não tinha mesa de jantar na sala. Nas ocasiões especiais, armavam uma mesa desmontável para seis pessoas no hall de entrada (que nem era tão grande assim) e com a maior rapidez botavam a toalha, os copos, pratos e talheres enquanto os convivas estavam na sala provando os aperitivos.
Após a refeição, desmontavam tudo e o hall ficava como antes. “Tentar quebrar a mesmice da casa é ótimo, pois você diferencia o ambiente até para você mesmo”, diz Mônica Varella, autora do livro Receber Sem Stress. O segredo é abrir os olhos para o que temos em casa. Que tal usar um vidro de azeite vazio como vaso de flor? Ou servir sopa em xícara de chá e eliminar de vez o problema de não ter prato fundo para todos? Outras boas aliadas são as velas: deixam o ambiente mais bonito e até disfarçam o sujinho do sofá sem contar que aproximam as pessoas, que tendem a ficar onde há luz.
Durante o encontro
Se você planeja tudo antes, fica tranquilo para curtir a ocasião, sem se levantar a toda hora com um “ai, não botei sabonete no banheiro”,” onde será que deixei os CDs?”, ou “meu Deus, tocou a campainha e eu ainda estou de toalha”. Se o anfitrião está estressado, não há milagre que faça o encontro ser prazeroso. Cuidado também para não sufocar seus amigos de tantos cuidados. Nada pior que ficar tentando entupi-los de comida ou perguntando de cinco em cinco minutos se precisam de alguma coisa.
A estudante mineira de gastronomia Flávia Carvalho, que atualmente vive na Alemanha, sempre deixou as pessoas bem à vontade nos jantarzinhos que fazia em sua casa, um pretexto para reunir pessoas com algo em comum. “Se eu tinha mais de um amigo que trabalhava com vídeo, por exemplo, mas não se conheciam, os convidava para ir à minha casa e os apresentava. Às vezes, saíam até projetos de trabalho bacanas”, afirma.
Flávia acertou em cheio ao reunir pessoas com interesses comuns. Mas não caia no erro de convidar apenas gente da mesma profissão, pois pode virar uma convenção. “Ponha ao menos uma ou duas pessoas de atividades completamente diferentes”, diz a consultora de etiqueta Janir Jurado Fraga.
E se a tática não der certo e o assunto acabar de repente? Um, dois, três, som! Música sempre gera assunto (além de driblar o barulho do elevador para cima e para baixo e da descarga do vizinho, o que só tornaria mais constrangedor um momento de silêncio profundo).
Prepare-se para os imprevistos
Mas não é toda saia-justa que se resolve com uma pegadinha. Por isso, tenha em mente que imprevistos acontecem. O elevador pode pifar, a luz acabar, a torta queimar. Se o cachorro devorou a receita que você passou a tarde toda preparando, conte a verdade aos seus convivas e peça um delivery. Dizem que, hoje em dia, as pizzas chegam em nossa casa mais rápido até do que a polícia.
Um convidado deixou cair vinho no sofá? Diga que não tem problema, que você manda para a lavanderia ou para o tintureiro, e contorne rapidamente a situação com um sorriso. Com bom humor, você lidará bem melhor com os imprevistos. “É bom sempre lembrar que você está entre amigos. Às vezes, a gente perde essa noção. Você convida as pessoas e aquilo vira um evento, parece que tudo tem que ser perfeito”, diz Mônica Varella. O que deu errado depois pode virar um caso engraçado e deixar aquele encontro ainda mais memorável.
Depois do encontro
Quando o último convidado vai embora, é hora de ajeitar a bagunça. Ufa! E quem disse que esse momento tem que ser chato? Se há louça para lavar, aperte o play no som e enfrente a pilha de copos sem medo e com muita ginga. Aproveite para lembrar como foi legal o encontro, as horas mais emocionantes, os apuros cômicos.
Se você tirou fotos ou filmou, depois pode organizar um álbum e enviar as imagens para os que estavam presentes. Pode ainda fazer uma espécie de diário da ocasião. Anotar quem eram as pessoas reunidas, o que fizeram, o que comeram, botar fotos, guardar a rolha do vinho que beberam ou colocar para secar dentro de um livro a flor que estava na mesa. E, quem sabe já começar a planejar um próximo encontro? Afinal, quem foi bem-vindo pode voltar sempre.
Como não ser um convidado trapalhão
Não apareça sem avisar. Pode pegar o dono da casa desprevenido. Imagina se ele está com dor de cabeça, se acabou de passar creme no cabelo ou se não tem nada na geladeira além de um limão cortado ao meio e um punhado de azeitonas?
Se você recebeu um convite, responda o mais prontamente possível. Assim os anfitriões terão tempo de se preparar sem maiores sustos e atropelos. Não entre naquela de pensar será que ele quer mesmo que eu vá ou só me convidou por educação?. Se você não fosse bem-vindo, o dono da casa não o teria chamado.
Se o encontro é só para adultos, não leve crianças. Só carregue os pequenos com você se o dono da casa disse, com todas as letras, que eles estão convidados. Não insista com um o Júnior ia adorar. Por mais que seu filho seja um anjo, ele simplesmente não estava nos planos de quem convidou.
Não fique grudada no marido ou nas pessoas conhecidas. Em reuniões maiores, é legal mostrar-se aberto para conhecer as pessoas, sem fazer panelinha.
Não custa retribuir o anfitrião com alguma lembrança simpática. Não é obrigação, mas levar um vinho honesto ou um vasinho de flores, por exemplo, pode ser bem bacana. Enviar flores com antecedência também é uma boa. Assim o anfitrião pode usá-las para decorar a casa.
Ligue no dia seguinte para agradecer e comentar o encontro. Apesar de esse hábito estar desaparecendo, é uma boa forma de reconhecer o esforço do anfitrião. Mas não critique ninguém que estava presente, sob o risco de virar o rei da gafe. Lembre-se: de alguma forma aquela pessoa tem ligação com o dono da casa.
Enviar flores como pedido de desculpas por não poder comparecer é gentil. Mas não se esqueça de que é imprescindível avisar com antecedência sobre sua falta.
Abra sua casa para as pessoas também. Não existe melhor maneira de retribuir a dedicação de um anfitrião do que mostrando que, para você, ele também é bem-vindo.
Fonte: M de Mulher