Graziela Delalibera
A artista plástica Eliara Bevilacqua sempre teve o costume de repaginar e dar cara nova a peças antigas ou consideradas sem utilidade – seja com pintura, aplicação de espelhos, pequenos reparos. Prova disso é que, em cada canto de sua casa, é possível encontrar móveis cheios de história que ganharam roupagem diferente, e também função, depois de passarem pelas mãos de Eliara.
Ano passado, a relação da artista com esses objetos comuns do nosso cotidiano passou a ganhar novos sentidos. Tudo começou quando ela estampou guarda-chuvas com imagens de suas criações em tela, para participar da instalação “Chovendo Arte”, em São Paulo. Depois dos guarda-chuvas, Eliara usou as mesmas técnicas e cores de seus trabalhos em tela para customizar uma escultura em fibra de vidro em formato de cachorro, obra levada para uma mostra coletiva em Nashville, nos Estados Unidos.
O trabalho com novos suportes teve continuidade e, em dezembro de 2014, Eliara fez uma exposição marcada pela diversidade de plataformas criativas. Além de aquarelas e de suas reconhecidas obras em técnicas mistas sobre impressões fotográficas, ela expôs guarda-chuvas e cachorros de gesso customizados por sua arte. Agora, a artista apresenta o que considera um desafio em sua trajetória artística: uma exposição exclusivamente de objetos, transformados em obras de arte por meio de sua intervenção poética.
A partir de amanhã, Eliara compartilha esses trabalhos na exposição “Les Objets”, instalada na entrada principal do Riopreto Shopping. Estarão expostas aproximadamente 50 peças, entre cadeiras, espelhos, mesa, banqueta, mala, almofadas, cachorros e santas de gesso customizadas em tamanhos diversos. Os guarda-chuvas irão compor uma instalação dentro do espaço da exposição. Haverá vernissage na terça-feira, às 19h30.
“O trabalho com o objeto incorpora seu estilo, sua maneira de pintar, mas, como o suporte é outro e a proposta é outra, você vai adaptar sua maneira habitual de trabalhar, usando novos materiais e novas técnicas. Esse desafio é interessante, porque você sai da sua zona de conforto e se aventura. As pessoas podem não gostar, mas esse risco é saudável, é necessário”, diz a artista plástica.
Um dos nomes mais ativos da cena atual das artes plásticas rio-pretenses, Eliara afirma que, para a exposição, a ideia foi trabalhar com objetos descartados ou que perderam sua utilidade, e trazer-lhes beleza por meio da arte, além de devolvê-los ao uso. Antes de virar obra de arte, algumas das peças expostas foram “resgatadas” de caçambas, outras foram verdadeiros “achados” de Eliara em lojas de usados.
Também há relíquias de família, como uma mesa de madeira usada na infância do filho de Eliara, Eduardo, hoje com 24 anos. “Gosto desse negócio de reutilizar, fui criada assim. Minha mãe dizia que nada se perde”, conta. Artista premiada, com participação em várias exposições, entre nacionais e internacionais, e salões de artes, Eliara constrói seu repertório artístico a partir de poéticas relacionadas à natureza, memórias, vivências e, mais recentemente, à figura humana emotivamente inserida pela inquietação constante.
Neste ano, ela participou de uma feira em Toronto, no Canadá, a “Love Art Fair”, entre outros eventos, como a exposição coletiva “É Arte”, em Piracicaba, no Centro Cultural Martha Watts, com curadoria de Carlos Augusto de Almeida, agora em cartaz em São Paulo, na Biblioteca Prefeito Prestes Maia. No Canadá, Eliara integrou um grupo de 10 artistas brasileiros levados pelo Sciacco Studio, de São Paulo.
Serviço
Exposição “Les Objets”, da artista Eliara Bevilacqua, no Riopreto Shopping, de amanhã até o dia 20. Visitação gratuita
Fonte: Diário da Região