Negligenciadas em muitas obras, instalações elétricas, quando mal-executadas, são origem de 80% dos incêndios em edificações

Aproximadamente 96% das instalações elétricas do Brasil apresentam algum tipo de erro, segundo Edson Martinho, diretor-executivo da Abracopel (Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade). De um lado, problemas determinados pela falta de planejamento. Do outro, uso de materiais de baixa qualidade ou mesmo irregularidades na execução do serviço. “Em alguns casos, por falta de conhecimento, mas na maioria deles na tentativa de economizar”, aponta Martinho. Nos primeiros oito meses do ano, conforme levantamento da Abracopel, fo­­­ram registradas 204 mortes por eletrocussão e 160 incêndios causados por curto-circuito.

 

 

 

Especificação

Para garantir condições mínimas de qualidade e segurança, toda obra precisa contar com engenheiro eletricista. “Para conter gastos, muitas construtoras, no entanto, optam por deixar esse projeto a cargo de engenheiros civis ou mesmo de arquitetos, alerta Eduardo Daniel, superintendente da Certiel Brasil (Associação Brasileira de Certificação de Instalações Elétricas).

Para desempenhar a função é preciso que o profissional tenha registro no Crea (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia), além de ser necessário recolher ART (Anotação de Responsabilidade Técnica).

A atuação desse profissional deve começar juntamente com o planejamento da obra. Nessa etapa, ele adapta o projeto elétrico ao estrutural, “seguindo as especificações da NBR 5410”, enfatiza Martinho. É necessário definir as distribuições de tomadas e lâmpadas, as cargas disponíveis e os tipos de fios para cada uma, bem como o ponto de base da distribuição da energia.

Depois, é hora de iniciar as instalações elétricas, geralmente realizadas por eletricistas e supervisionadas pelo engenheiro. O primeiro passo, segundo Daniel, é implantar o SPDA (Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas), juntamente com a terraplenagem do terreno. “A função do SPDA – obrigatório em prédios – é captar a descarga elétrica que atinge a edificação e conduzi-la de maneira segura para a terra”, explica.

A segunda etapa é a passagem dos eletrodutos, que ocorre à medida que as paredes são erguidas. “O processo é finalizado durante a etapa do acabamento com a distribuição dos fios, as instalações das tomadas e lâmpadas e da montagem dos quadros de força individual e coletivo”, completa o superintendente da Certiel.

Cotações de preços e fornecedores

Segundo Martinho, o serviço de instalação elétrica pode ser terceirizado, mas, nesses casos, é importante que no documento de solicitação do orçamento já conste todas as exigências para a execução. Os critérios são estabelecidos pela NBR 5410. Já Daniel recomenda desconfiar de preços muito abaixo do valor do mercado. Para ele, é importante sempre avaliar a procedência das empresas, as obras já realizadas, bem como a qualificação de seus funcionários.

Com a escolha do prestador de serviço, providencie contrato com a descrição dos direitos e deveres das partes. Certifique que o documento contenha os itens básicos de segurança e qualidade, as especificações do serviço baseadas na NBR 5410, a descrição dos resultados esperados, a determinação dos prazos e a descrição da mão de obra. Caso a prestadora de serviço seja responsável pela compra dos materiais, Daniel recomenda a inclusão de cláusula especificando as marcas exigidas. “Quanto maior o nível de detalhamento, menor os riscos de erro”, garante.

A relação entre construtora e prestador de serviço, no entanto, continua durante a execução, que deve ser acompanhada para garantir o cumprimento de tudo que estiver no contrato. Se mesmo assim ocorrerem problemas técnicos, a prestadora de serviço será civil e criminalmente responsável. “Embora o Código de Defesa do Consumidor estabeleça essa norma, vale incluir no contrato”, diz Daniel.

Logística

A logística das instalações elétricas prediais é baseada fundamentalmente no armazenamento dos materiais, que, segundo Daniel, deve obedecer aos critérios de preservação indicados pelos próprios fabricantes. “A má conservação dos produtos pode colocar em xeque a qualidade do trabalho porque muitas das características de desempenho dependem desse procedimento”, assegura.

Em geral, os produtos devem ser armazenados em local coberto, longe do solo e de qualquer fonte de umidade. A luz solar também deve ser evitada, principalmente no caso de produtos de isolamento. Martinho também acrescenta a necessidade de mantê-los em local seguro. “O cobre tem alto valor no mercado e desperta grande interesse de ladrões.”

Cuidados de canteiro

A segurança dos trabalhadores que interajam com serviços de eletricidade é assegurada pela Norma Regulamentadora 10, que determina requisitos e condições mínimas para implementação de medidas de controle e sistemas preventivos. Também são descritos os equipamentos de segurança necessários para cada situa­ção. “Caso a construtora opte pela contratação de prestadora de serviço, essa será responsabilidade da empresa contratada, mas cabe ao contratante se certificar de que as normas estejam sendo cumpridas”, diz Daniel.

Fonte: Guia da Construção

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